Como monitorar as pragas da soja nas diferentes fases do cultivo.

O monitoramento de pragas no cultivo da soja é uma prática fundamental para garantir a sanidade do cultivo e produtividade.

É através desse manejo que é possível identificar o momento de entrada das pragas no campo e determinar a situação da infestação.

Também é possível conhecer o nível de dano econômico e realizar aplicação dos defensivos químicos ou biológicos no momento mais adequado.

Tudo isso, reduz custos ao produtor e permite uma melhor tomada de decisão.

Sabemos que a soja passa por diferentes estágios fenológicos. Por isso, é fundamental que o agricultor conheça como monitorar os insetos praga em cada fase.


Quando iniciar o monitoramento?

Independente do cultivo, o monitoramento deve iniciar antes do início da safra. Dessa forma, é possível registrar a chegada e incidência das pragas desde o início.


O monitoramento deve ser realizado através de amostragens periódicas no campo. Assim é possível conhecer a densidade populacional e o Nível de Dano Econômico (NDE).


O NDE mede a densidade populacional das pragas, que é capaz de causar prejuízo de igual valor ao seu custo de controle.


                                                              Fórmula para cálculo do NDE.
                                                                          Fonte: Mais Soja

 

Monitoramento por pano de batida

É a principal técnica utilizada para monitoramento de pragas na cultura da soja. Através dela são monitoradas as espécies percevejo-marrom-da-soja (Euschistus heros), percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildini) e percevejo-verde (Nezara viridula).


Além destas, as lagartas desfolhadoras como lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), a falsa-medideira (Chrysodeixis includens) e a lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus). 


Essas espécies devem ser monitoradas desde o início do vegetativo. As lagartas costumam causar os maiores danos nessa fase. Por causarem a desfolha, podem causar redução do vigor das plantas e com isso perda de produtividade futura.


Os percevejos costumam ser mais abundantes no estágio reprodutivo. No entanto, isso não significa que não devem ser monitorados no vegetativo. É preciso estar atento para a manutenção do potencial produtivo que foi obtido pela cultura desde sua emergência.


A técnica do pano de batida consiste em utilizar um pano plástico branco de 1 m de comprimento por 1 m de largura preso entre duas varas. Para iniciar o monitoramento primeiramente se estende o pano entre duas fileiras da cultura. 


Após, deve-se sacudir as plantas das duas linhas sobre o pano, a fim de coletar as pragas. Com os insetos já no pano, começa a verificação e contagem das espécies, verifica-se o número de adultos e jovens e realiza-se o registro da amostragem.


A recomendação é que sejam realizadas no mínimo seis amostragens como esta em lavouras de até 10 ha, oito para lavouras de até 30 ha e 10 para lavouras de até 100 ha. A avaliação deve ser realizada semanalmente. 


                                              Recomendações para uso do pano de batida.
                                                                      Fonte: Embrapa Soja.

Armadilha de feromônio sexual

Também conhecida com o armadilha de piso adesivo, permite monitorar e estimar picos populacionais de pragas com base na quantidade de adultos capturados nas armadilhas.

 

Uma vantagem da técnica é poder monitorar espécies específicas, facilitando sua identificação e quantificação. A especificidade da espécie amostrada vai depender da composição do feromônio sexual utilizado e permite apenas o monitoramento de insetos adultos.


                           Armadilha de feromônio em lavoura de soja.  Fonte: Grupo Cultivar


No entanto, o uso dessa ferramenta ainda e limitada, pois não existem no mercado feromônios disponíveis para todas as pragas da cultura da soja. Atualmente é indicada para monitoramento da espécie Spodoptera frugiperda.


As armadilhas de feromônio devem ser utilizadas, principalmente na fase vegetativa, onde é registrada a presença de mariposas.



Amostragem visual

Para algumas espécies não existe uma armadilha ou técnica específica. O ideal é realizar amostragem visual, para inspecionar a presença destas pragas no cultivo. É o que ocorre com as espécies de tripes e mosca-branca (Bemisia sp.).


O monitoramento deve acontecer principalmente no período vegetativo e início do reprodutivo. Nessas fases as espécies encontram as melhores condições para se desenvolverem.


Para tripes, recomenda-se monitorar a lavoura periodicamente a cada 7 a 10 dias, amostrando plantas ao acaso em 10 a 15 pontos da lavoura. Deve-se tomar a decisão de controle quando as folhas da metade inferior do dossel estiverem prateadas ou marrons, e se houver mais de 20 tripes por folíolo na metade superior das plantas.


Para mosca-branca, indica-se verificar a presença de adultos nos folíolos do terço superior das plantas de soja devido ao seu hábito alimentar. Populações iguais ou superiores a 15 moscas/folíolo já apresenta necessidade controle.


O uso de armadilhas adesivas amarelas também ajuda no monitoramento e controle da mosca-branca.


Vimos nesse artigo a importância do monitoramento das diferentes espécies praga na lavoura de soja.

Conhecer os principais métodos é essencial para um bom manejo do cultivo e uma excelente colheita.

                    

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Sobre a autora: Camila Corrêa Vargas é uma das fundadoras da BioIn Biotecnologia. Acredita que unir ciência, tecnologia e conhecimento prático do campo são ferramentas fundamentais para garantir a sustentabilidade nas produções agrícolas. É formada em Tecnologia Agropecuária (UERGS), Mestre e Doutora em Fitotecnia (UFRGS).

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