Plutella xylostella conhecida como a traça-das-crucíferas, é a principal praga no cultivo das brássicas (couve, couve-flor, brócolis e repolho). O ataque da praga nas plantas, principalmente em períodos mais secos do ano, pode ocasionar perdas totais nas áreas produtivas.
Para que o agricultor realize um controle eficiente é fundamental que conheça as melhores estratégias de manejo. Com as ferramentas certas é possível garantir uma excelente safra, reduzindo os danos com a espécie.
Por isso, separamos neste texto as principais estratégias para manejo da traça-das-crucíferas. Vamos conferir?
Como a espécie se desenvolve e como identificá-la?
Os ciclo de vida da traça-das-crucíferas envolve quatro estágios: ovo, lagarta, pupa e adulto. É na fase de lagarta que ocorre o ataque e o danos às plantas. Na fase adulta, os insetos são chamados de mariposas ou traças.
Os adultos iniciam as atividades de voo no entardecer e durante o dia se escondem nas folhas da cultura. Possuem cerca de 10 mm de comprimento, apresentam coloração parda e os machos possuem uma mancha clara e alongada na parte superior (Fig. 1).
As fêmeas colocam seus ovos na parte de baixo das folhas, isolados ou em grupo de 2-3 ovos. Os ovos possuem coloração verde claro ou amarelo e tornando-se pretos próximo da eclosão (nascimento) das larvas, cerca de 3-4 dias depois de ovipositados (Fig. 2).
As larvas apresentam coloração entre o verde claro e verde escuro e podem chegar até 1 cm de comprimento (Fig. 3). Passados 10 dias, elas entram na fase de pupa.
Para empupar, as larvas tecem um casulo, algo parecido com uma malha de cor clara, na parte de baixo das folhas (Fig. 4). Essa fase dura em torno de 4 dias, sendo que após esse período, surgem os novos adultos reiniciando o ciclo, que dura aproximadamente 34 dias.
Quais os danos causados pela praga?
As larvas recém eclodidas penetram no interior da folha formando galerias onde se alimentam por 2-3 dias. Em seguida, abandonam a galeria e passam a se alimentar da parte externa da folha, consumindo todo o tecido foliar, inviabilizando o produto para a venda e consumo (Fig. 5).
Quais as formas de controle?
Diversos métodos podem ser empregados no controle dessa praga. No entanto, o controle efetivo é alcançado quando se utiliza uma combinação de ferramentas que fazem parte do manejo integrado de pragas. Dentre elas, pode-se citar:
– Controle cultural: de modo a evitar a proliferação do inseto praga e interromper seu ciclo biológico, deve-se enterrar em valas com profundidade maior que 30cm ou queimar restos culturais imediatamente após a colheita, além de realizar a rotação de culturas utilizando espécies que não sejam hospedeiras da mesma praga.
O manejo da irrigação por aspersão também contribui para a diminuição da população na área. A irrigação efetuada durante a noite reduz o acasalamento e pode contribuir para diminuir a população da praga na área. Irrigações efetuadas durante o dia podem contribuir para a redução da população da traça através da remoção dos ovos nas plantas.
– Controle mecânico: sempre que possível, em áreas pequenas, pode ser conduzida a catação manual das lagartas e realizar o esmagamento dos ovos encontrados nas folhas da cultura.
– Controle comportamental: ao fato que, as mariposas possuem comportamento noturno, pode ser utilizado armadilha luminosa, essas são atraídas pela luz da armadilha, ficando presas em sua estrutura, realizando dessa forma uma captura massal e reduzindo sua presença na área.
– Controle biológico: duas principais formas de controle biológico para a traça-do-tomateiro estão disponíveis para uso pelo produtor rural que é a utilização do parasitoide Trichogramma pretiosum e o uso do microorganismo Bacillus thuringiensis.
Trichogramma pretiosum é uma microvespa que ataca e controla a fase de ovo da traça. As fêmeas da vespa depositam seu ovo dentro do ovo da praga, interrompendo seu ciclo. Desta forma, ao invés de nascer uma lagarta, vai surgir uma nova vespa.
Em relação ao Bacillus thuringiensis, também chamado de Bt, é um produto microbiológico que ataca a fase de lagarta, matando-a poucas horas depois de ter contato.
– Controle químico: pode-se fazer pulverizações com inseticidas registrados para a cultura, no entanto, deve-se priorizar o uso de inseticidas seletivos, para não afetar os inimigos naturais e polinizadores.
É importante que o produtor escolha por utilizar métodos de controle sustentáveis, como o controle biológico por exemplo, assim poderá garantir uma produção de alimentos mais seguros, sem resíduos químicos, preservando sua própria saúde e a do ambiente.
A correta identificação do inseto praga de ocorrência na área conduz à escolha da ferramenta adequada de controle, reduzindo custos e salvando a produtividade.
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Sobre a autora: Dra. Roberta Tognon é Bióloga pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) e Engenheira Agrônoma pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). É Mestre e Doutora em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Compõe a equipe técnica de Pesquisa e Desenvolvimento da BIOIN e é Diretora da BIOINSECTA Serviços Agrobiológicos.
Referências bibliográficas
CASTELLO BRANCO, M; VILLAS BOAS, G.L. Traça-das-crucíferas Plutella xylostella: artrópodes de importância econômica. Comunicado técnico, Embrapa Hortaliças INSS 1414-9850, Dez 1997.
CASTELLO BRANCO, M. Avaliação da eficiência de formulações de Bacillus thuringiensis para controle da traça-das-crucíferas em repolho, no Distrito Federal. Horticultura Brasileira. 17: 237-240, 1999.
MEDEIROS, P.T. et al. Instalação e manutenção de criação massal da Traça-das-crucíferas (Plutella xylostella). Comunicado técnico, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia INSS 1516-4649, Out 2003.