Conhecida como a traça-do-tomateiro, Tuta absoluta é o principal inseto praga da cultura do tomate. Quando não controlada, a espécie causa danos severos na produção reduzindo significativamente a produtividade. Sua infestação ocorre o ano todo, especialmente no períodos mais secos, quase desaparecendo em períodos chuvosos.
É na fase de lagarta que o dano é causado. No entanto, o monitoramento deve ser também realizado na fase adulta, na qual o inseto é uma mariposa. Nesta fase, apresentam comportamento noturno, o que pode dificultar sua detecção no cultivo.
Quer conhecer mais? Neste artigo separamos as principais características da Tuta absoluta, além de dicas de monitoramento e controle.
Como é o ciclo da espécie e como identificá-lo?
O ciclo de vida compreende quatro estágios: a fase de ovo, lagarta ou larva, a fase de pupa e adulto.
Os ovos podem ser colocados nas folhas, nas hastes, nas flores e nos frutos. Possuem coloração branca, e tornam-se amarelados ou marrons com o passar dos dias.
Passados três a cinco dias após a postura, ocorre a eclosão das lagartas as quais são de cor branca ou verde claro.
As lagartas entram na folha, nos frutos ou no ápice das hastes, onde permanecem por 8-10 dias. Em seguida, a larva se transforma em pupa.
A fase de pupa dura de 7-10 dias e ocorre principalmente nas folhas ou no solo e, ocasionalmente, nas hastes e frutos, sendo que, após esse período emergem novos adultos.
Os adultos são pequenas mariposas de coloração cinza prateada, medem aproximadamente 10 mm de comprimento e podem viver por até uma semana. O ciclo completo dura aproximadamente 30 dias (Imagem 1)
Como detectar os danos?
As lagartas, atacam toda a planta e em qualquer estágio de desenvolvimento, danificando as gemas, flores, destruindo brotações novas, fazendo galerias nas folhas, ramos e broqueando os frutos, inviabilizando-os completamente para a comercialização (Imagem 2).
Quais as formas de controle?
O controle efetivo da traça-do-tomateiro é atingido com sucesso através da utilização de técnicas conjuntas que compõem o manejo integrado de pragas. Dessas técnicas, as principais são as seguintes:
– Controle cultural: deve-se concentrar o máximo possível a época do plantio dentro de uma mesma área, de modo a evitar focos da praga; incorporar ou queimar restos culturais imediatamente após a colheita para que não ocorra a proliferação do inseto; realizar rotação de culturas, evitando sempre que possível, culturas que apresentam pragas comuns ao tomateiro, interrompendo assim o ciclo biológico da Tuta.
– Controle biológico: dentre as formas de controle biológico da traça-do-tomateiro destacam-se duas: o uso da microvespa Trichogramma pretiosum (Imagem 3) e o uso do microorganismo Bacillus thuringiensis. A vespinha Trichogramma ataca e controla a fase de ovo da traça-do-tomateiro. Essa espécie é conhecida por parasitar ovos de mariposas, ou seja, as fêmeas depositam um ovo de sua prole dentro do ovo da praga, interrompendo o ciclo, assim vai surgir uma nova vespa e não uma lagarta.
Já o Bacillus thuringiensis, também chamado de Bt, é um produto microbiológico que ataca a fase de lagarta, matando-a poucas horas depois de ter contato.
Tanto a vespinha Trichogramma quanto o Bt são produzidos em escala comercial e podem ser adquiridos pelo produtor para controle de pragas agrícolas.
– Controle comportamental: para o monitoramento e/ou captura massal de mariposas, pode-se utilizar armadilhas delta contendo feromônio, e neste caso, os machos serão atraídos ficando presos no piso de cola adesiva da armadilha (Imagem 4).
– Controle químico: utiliza-se este método apenas em casos emergenciais, e quando utilizado, deve-se priorizar o uso de inseticidas seletivos, para não afetar os inimigos naturais e polinizadores.
É importante que o produtor opte sempre por tecnologias sustentáveis para o controle de pragas, dessa forma pode-se garantir a segurança dos alimentos produzidos, bem como a saúde do produtor e a não contaminação do meio ambiente.
A identificação precisa da praga de ocorrência na área de cultivo, conduz a um controle direcionado e tendo assim maior eficácia das ferramentas utilizadas.
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Sobre a autora: Roberta Tognon é Bióloga pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) e Engenheira Agrônoma pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). É Mestre e Doutora em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Compõe a equipe técnica de Pesquisa e Desenvolvimento da BIOIN e é Diretora da BIOINSECTA Serviços Agrobiológicos.
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